O bebê ao nascer, assim como ocorre com as demais funções motoras e sensitivas, ainda não tem sua função ocular bem desenvolvida. Percebe luz e consegue vislumbrar o semblante do rosto da mãe, sua primeira visão de interesse, associada ao ato de mamar. À medida que o tempo passa aumenta a qualidade da percepção visual. Como nossos olhos são verdadeiras câmeras de vídeo, torna-se imperioso que estejam funcionando corretamente. São características de boa saúde ocular a anatomia e função normal dos seguintes itens:

  1. aspecto anatômico do globo ocular e conjuntivas, da iris, dos cristalinos, das pupilas e das córneas (o exame chama-se “biomicroscopia”);
  2. estudo do foco dos olhos (exame: refração);
  3. medida da pressão dos olhos (exame: tonometria);
  4. estudo do paralelismo entre os dois olhos (exame: visão binocular);
  5. qualidade e potencial de visão (exame: acuidade visual e visão de contraste);
  6. anatomia e características da retina e do segmento posterior dos olhos – vasos retinianos, papilas dos nervos ópticos, periferia da retina onde se procuram presença ou não de degenerações, trações e rupturas periféricas, e do aspecto e microanatomia da parte mais nobre dos olhos – a mácula lútea (exames: fundos de olhos e mapeamento de retina); relação normal entre os olhos e a função cerebral associada (exame: campimetria visual); qualidade da visão de cores (exame: senso cromático).

É claro que nos bebês ainda não conseguimos colher todos estes dados, já que muitos dependerão da colaboração e de um desenvolvimento motor e sensitivo que só se dá aos 4 anos de idade, mas podemos ter certeza de que esse desenvolvimento normal e pleno será obtido desde uma idade bem precoce. Muitos perguntam qual a idade normal para um exame oftalmológico? A melhor resposta que tenho é: se nada há de aparentemente anormal (ausência de estrabismo, de secreções estranhas, de lacrimejamento excessivo, de piscar exagerado, de sensibilidade anormal à luz, de dores, de coceiras anormais, de evidente má visão, etc.), aos 3,5 anos de idade. Se qualquer suspeita surgir o exame está indicado já logo após o teste do olhinho. Após os quatro anos de idade a criança já terá a função visual bem sedimentada. É possível que um dos olhos tenha um problema e o outro não: a criança não informa por não se queixar e isso pode passar desapercebido mesmo à idade adulta! Até os 5, os 7 anos podem ser feitos exercícios e tratamentos visuais a se recuperar a função anômala. Após esta fase a sequela será sempre patente.

Outros fatores que precipitam um exame mais precoce á a presença de doenças familiares, consanguinidade dos pais, traumas na cabeça ou direto nos olhos, doenças sistêmicas que afetam os olhos ou doenças neurológicas. Além disso, os melhores pediatras sempre solicitam aos pais um parecer do oftalmologista para completarem uma abordagem mais segura ao futuro saudável de seu pequeno cliente. Mesmo os professores, que têm uma percepção muito própria das limitações visuais de seus pupilos, já que os compara em grupo onde a maioria, felizmente, sempre será normal.
O simples teste de se cobrir um olho e pedir à criança para ver e identificar uma figura a uma distância de uns 4 metros já será uma prova inicial bastante válida e possível de ser feita por qualquer um.