1. A catarata é nome que se dá à opacidade do cristalino. Isto é fisiológico, normal, decorrente de anos e anos de filtragem de luz visível e invisível (UV e IV) ou patológico, no caso da pessoa ser portadora de diabetes, inflamação ocular, exposição a agentes fototóxicos, traumas, doenças infecto-parasitárias, estas as mais comuns. A primeira se chama catarata primária e a segunda, catarata complicada ou secundária e pode ocorrer em qualquer idade, até congênita.
2. Uma vez que se indique à troca do cristalino opaco pela lente intraocular implantada, o ato operatório deve ser guiado de forma segura e preventiva às complicações evitáveis. Por isso se indicam alguns exames específicos àqueles que vão fazer esta cirurgia.
• LABORATORIAIS
a. Exame de sangue séries branca e vermelha. Rotina em qualquer operação.
b. Ureia e creatinina. Idem. Para conhecer a função renal da pessoa.
c. Sódio e potássio. Idem. Para se evitar possibilidade de arritmias cardíacas. Principalmente nas pessoas predispostas e nos muito idosos.
d. Risco cirúrgico. Idem. Para que o anestesiologista e o cirurgião identifiquem qual a melhor medicação sedativa e anestésica em cada caso.
e. Descrição de alergias existentes. Idem.
f. Relação dos medicamentos em uso. Para evitar idiossincrasias, reações cruzadas e incompatibilidades.
g. Coagulograma. Em certos casos, principalmente nas pessoas com doenças hematológicas ou usuárias de medicação antiadesivo plaquetária, tais como a aspirina. Estes fármacos devem ser suspensos de cinco dias a uma semana antes da operação.
h. Exame de urina (EAS e piúria quantitativa). Nem todos pedem. Em certos casos, para conhecermos eventuais elementos urinários anômalos e indicadores de que algo não vai bem no organismo, como infecção urinária, diabetes descompensada, presença de proteínas na urina, sais, substâncias incomuns, etc. Exame simples e não invasivo.
• ESPECÍFICOS DOS OLHOS
a. Ecobiometria – para sabermos qual o grau da lente intraocular que se deve implantar, que varia muito de pessoa a pessoa.
b. Microscopia especular de córnea – para conhecermos: a) quantidade de células endoteliais por milímetro quadrado; b) o índice de pleomorfismo; c) o índice de polimegatismo das células do endotélio da córnea. A camada endotelial da córnea é uma camada única de células que não se multiplicam. Quando se perdem, as vizinhas então mudam de forma (pleomorfismo) e aumentam de tamanho (polimegatismo). Este exame revela tudo isso e coloca se a pessoa tem a córnea de acordo com a sua própria idade, já que é normal que se perca células fisiologicamente com o passar dos anos.
c. Topografia de córnea – para avaliar a qualidade da superfície da córnea. Córnea com superfície irregular (como no ceratocone) pode levar a erro no cálculo da ecobiometria além de concorrer com uma visão inadequada no pós-operatório.
d. PAM (potential acuity meter ou acuidade visual) – é um teste de acuidade visual que reporta, antes de operar, como estará a visão depois de operar. É mais importante nas pessoas que apresentem cataratas de três e quatro cruzes (muito maduras e hipermaduras), hoje em dia menos comuns.
e. Ultrassonografia modo B – também chamada ecografia ocular, solicita-se nos casos de cataratas tão densas que não se pode fazer o exame de mapeamento de retina para avaliar as reais condições da retina central e periférica. O fundo de olho está indevassável e o prognóstico fica muito restrito. Avalia se há sangue ou fibrose na cavidade vítrea e se a retina está colada. É um exame dispensável quando por outros meios se obteve tais conhecimentos.
f. Exame ocular completo pré-operatório. Evidentemente foi feito, até por quê se indicou à cirurgia de catarata. O médico vai avaliar o estado geral do globo ocular, da órbita, das vias lacrimais e dos anexos (pálpebras, cílios, sobrancelhas) afastando principalmente infecções. Calázios ativos, tersóis, pus na via lacrimal, blefarite ativa, etc., contraindicam o ato ou o médico deverá fazer uma profilaxia específica.